06 Sep
06Sep

Sou daqueles que adora modalidades.

Quando só existiam 2 canais em Portugal, ficava colado no canal 2, ao fim-de-semana, e “papava” literalmente tudo o que passava de desporto. Bem, tudo não! Detesto hipismo...

Decidi começar este blog pelo basquetebol, porque é aquela modalidade que vai ser reactivada, pelo que poderá ser a que suscita maior curiosidade nos sportinguistas que gostam das modalidades. 

Fiquei felicíssimo quando a anterior direcção decidiu reactivar e apostar nas modalidades, de forma a que as mesmas estivessem ao nível dos pergaminhos do Sporting Clube de Portugal.

Não obstante tudo isso (comentei no twitter na altura), achei que a entrada do basquetebol no nosso cardápio, que por acaso até é a minha modalidade favorita, podia ser um erro gravíssimo. Achei que tínhamos chegado a um compromisso entre qualidade e quantidade que, para mim, era ideal. Todas as modalidades que tínhamos lutavam pelo título nacional e, para além disso, tinham boas ou excelentes prestações nas respectivas competições europeias - “Um clube tão grande como os maiores da Europa”!

Não vou aqui discutir o orçamento global. Penso que a estratégia escolhida passaria por cortar nas gorduras de cada uma das modalidades e, com o “ganho”, criar a secção de basquetebol. Trocando por outras palavras, todas as outras iriam ter que fazer um melhor aproveitamento dos recursos e, provavelmente, deixaríamos de ter um “banco de suplentes” com vários internacionais.

A ideia no papel parece boa, mas todos nós sabemos que um “titular” só joga tão bem, quanto o “suplente” o obriga. Muita gente não dá a real importância àqueles jogadores que passam horas no banco, mas que nos treinos dão tudo, obrigando os outros a estar sempre a um nível elevado. Depois, existe a questão da qualidade. É importantíssimo ter no banco jogadores com a qualidade de um Cardinal ou de um Rocha no Futsal, ter um Denis para poder render um Wallace Martins no voleibol ou um Raúl Marin no hóquei. E quem diz um Raúl Marin pode dizer um Gonçalo Romero, um Luís Frade, um Skok ou um Bingo, e por aí fora, pois os exemplos são vários…

Mas pode ser que resulte. Todas as ideias e estratégias são válidas desde que resultem, digo eu…


"O" Treinador


Assim sendo, e com esta linha de pensamento em mente, fiquei curiosíssimo para perceber como seria a abordagem no mercado para o basquetebol.

E não poderia ter começado da melhor maneira com a escolha do treinador. Luís Magalhães é um excelente treinador. Arrisco-me a dizer que a escolha não poderia ter sido melhor. Muito experiente, campeão nacional em mais do que um clube (só em portugal detém 17 troféus, entre Campeonatos, Taças de Portugal, Supertaças e Taças da Liga) e com experiência em África, nomeadamente no basquetebol angolano, onde ganhou tudo o que podia ganhar. Teve também uma passagem por Cabo Verde como seleccionador nacional.

Desde a sua estadia em África que lhe tinha perdido o rasto, pelo que decidi contactar um treinador amigo para perceber o que Luís Magalhães tinha andado a fazer desde então. O feedback não podia ter sido o melhor!

Luís Magalhães passou 3 anos nos Estados Unidos da América a actualizar-se. Está tão actual, relativamente às metodologias de treino e de jogo, como qualquer outro treinador da nossa liga, senão melhor. E a cereja no topo do bolo deste feedback?! Está sem vícios da liga portuguesa! Algo que é inerente a qualquer treinador que passe vários anos a treinar debaixo do mesmo ambiente e competitividade. Percebem agora o porquê de dizer que a escolha do treinador não poderia ter sido melhor?!

Posso até acrescentar que Luís Magalhães estava a ser ponderado para ser treinador do FC Porto, numa altura da época onde Moncho López estava mais “tremido”. Não sei, no entanto, se o FC Porto desistiu do Luís Magalhães, optando pela continuidade do Moncho, ou se chegou tarde à sua contratação e só depois preferiu manter o espanhol, face às opções existentes no mercado.

Mas, Luís Magalhães não será só o nosso treinador do plantel principal, será também o coordenador da nossa formação. 

A meu ver, as rédeas estão muito bem entregues! A ele e ao nosso director da modalidade, o professor José Tavares, alguém muito conhecido no mundo do basquetebol em Portugal, e a quem todos reconhecem competência.

Aliás, a escolha do Atlético do Lumiar para clube satélite, funcionando um pouco como equipa B dos leões, foi bastante acertada, não só pela qualidade do seu trabalho na formação, mas pela sua proximidade a Alvalade. Veremos no futuro como este protocolo irá ser desenvolvido.


O Plantel


Os rumores começaram a surgir e, pé ante pé, as contratações começaram a ser anunciadas.

Ty Toney, Travante Williams, James Elisor, Brandon Nazione e Malik-Abu foram os "estrangeiros" contratados.

De Brandon Nazione (25 anos) nada conheço, excepto alguns vídeos que vi. Parece-me ser um power forward ou, em português, extremo/poste, com pouca capacidade atlética para a luta nas tabelas, pelo que, presumo, será um elemento para abrir o ataque, jogando em zonas mais afastadas do cesto. De ressalvar que foi colega de faculdade de Ty Toney, pelo que já existe aqui alguma química inerente a terem jogado juntos pelo menos 1 ano.

Ty “The Tank” Toney (24 anos, ex-Esgueira) é só um dos melhores bases da liga! Forte fisicamente, é um “penetrador” por excelência, finalizando bem próximo do cesto com ambas as mãos. Também lança de 3 pontos e é daqueles que não tem medo de assumir o último lançamento do jogo.

Abdul Malik-Abu (23 anos, ex-Osijek) é um poste nigeriano naturalizado americano. Jogava na liga croata, naquela que foi a sua primeira experiência após a faculdade nos Estados Unidos. Penso que terá, no Sporting, um papel de poste mais baixo e móvel, mas forte fisicamente e capaz de defender as trocas provenientes dos bloqueios com o base. Devido à sua mobilidade e força física, pode ser uma força  brutal nos ressaltos.

E o que dizer dos bi-campeões pela Oliveirense Travante Williams (25 anos) e James Ellisor (29 anos)? James Ellisor foi só considerado pela crítica como o MVP das finais da época que findou. Travante foi considerado o MVP dessas mesmas finais, mas pelos adeptos. Dois excelentes jogadores e tremendos defensores. Não preciso dizer mais nada, pois não?! 

E os tugas, perguntam vocês?! Cláudio Fonseca (30 anos, poste, ex-Benfica), Pedro Catarino (28 anos, base, ex-Lusitânia) e Diogo Ventura (25 anos, base, ex-Galitos do Barreiro) estão “só” nas últimas convocatórias de Mário Gomes na selecção Nacional. Goste-se ou não, melhor cartão era difícil!

Jorge Embaló (20 anos, extremo, ex-Angra Basket) sagrou-se recentemente campeão da Europa da divisão B com a selecção nacional sub-20, num feito histórico para o basquetebol nacional. Para além disso, nos açorianos, foi uma das revelações da época passada com uma média de 17,2 pontos por jogo!

Francisco Amiel (23 anos, base, ex-Universidade Colgate) foi "só" o primeiro capitão estrangeiro da Universidade de Colgate (universidade da division 2 dos Estados Unidos), tendo actualmente o recorde de jogos pela mesma universidade, ajudando-a  a conseguir, pela primeira vez na sua história, o apuramento para o March Madness, o torneio que se disputa durante o mês de Março e que apura o campeão universitário americano. Tem, também, várias passagens pelas selecções mais jovens. Um jovem com qualidade e com muito futuro.

Continuando nos jovens, o André Cruz (17 anos, extremo, ex-Estoril BC) não tem só nome de craque da bola, o André é um craque! Actualmente, é internacional sub-17 e tem um grande talento dentro do seu escalão, mas vai ser "promovido" a sénior e deverá ser uma aposta para o futuro, tal como o Embaló. Vamos ver como o seu potencial se irá traduzir no escalão mais alto.

Continuando pelos tugas, Cândido Sá (26 anos, extremo poste, ex-Rutger Scarlet Knigths) veio dos states, tal como Amiel. Um extremo-poste (que pode fazer as posições 4 e 5) com 2,06m e uma boa envergadura física. É bastante atlético e muito americanizado no seu estilo de jogo. Tem um lançamento exterior muito interessante.

Diogo Araújo (22 anos, extremo) veio do FC Porto, onde era suplente. Teve passagens pelas selecções jovens, mas a sua carreira nunca despontou a nível sénior. Não deverá ter um papel relevante no plantel.

Para finalizar, veio o angolano João Fernandes (25 anos, poste, ex-Ovarense) e o moçambicano Jeremias Manjate (20 anos, poste, ex-Belenenses) que teve passagem pelos escalões do Queluz. São mais dois jogadores que deverão ter um papel reduzido esta época.

E pronto! O plantel está fechado. A meu ver, e fruto das limitações orçamentais, as contratações foram muito bem ponderadas. Os estrangeiros estão já ambientados ao nosso basquetebol e são dos melhores da nossa liga (excepto o Nazione e o Abu). Reduzimos, assim, o risco na contratação de estrangeiros que nunca jogaram em Portugal e teriam que passar por um período de adaptação ao país, à liga, ao estilo de jogo, etc... Os portugueses mais experientes são quase todos da selecção nacional e ainda conseguimos dois jovens valores de grande potencial, também eles internacionais nas camadas jovens da nossa selecção nacional. Ao contrário, por exemplo, do voleibol aquando do seu regresso 24 anos depois, a constituição desta equipa é bem mais jovem (média de 24 anos) e conta já com vários elementos que deverão ficar integrados no futuro. Para além do mais, temos jogadores com várias características diferentes e um plantel extremamente polivalente, o que permite ao treinador várias mudanças tácticas e de estilo de jogo, consoante as necessidades da equipa ou de um jogo específico.



O que podemos esperar? 

                                         

Chegará para ter sucesso, perguntam vocês? Isso depende sempre de muitas variantes - estilo de jogo, liderança do treinador, balneário, integração no grupo e, obviamente, o trabalho desenvolvido pelos nossos adversários. Pelo pouco que tem passado na SportingTv, o ambiente parece muito bom. Acho, e espero, que o Luís Magalhães seja um factor diferenciador para o nosso lado. 

Um dos nossos concorrentes está a reforçar-se muito bem. O Benfica manteve Micah Downs e tem já assegurados Betinho Gomes (um dos nossos alvos falhados), Damian Hollis (um húngaro-americano de muita qualidade que já passou pela nossa liga), Eric Coleman (o poste da bi-campeã Oliveirense) e, mais recentemente, um poste americano de 2,10m que vem da Grécia e já jogou nas principais ligas europeias (este deve ter vindo ganhar 3 sandes e 2 sumos, em vez da habitual sande e mini que o Benfica paga). Piadas à parte, há que salientar que o Benfica irá disputar as eliminatórias de acesso à Champions. 

Na Oliveirense, bi-campeã nacional, vai depender muito a qualidade dos estrangeiros que contrataram e da forma como eles se irão ambientar ao país e ao grupo. Será sempre uma incógnita, até porque perderam o seu núcleo duro (4 dos 5 titulares), mas, acredito até pelo passado recente, que estarão fortes. 

Já o Porto manteve o núcleo duro praticamente intacto e reforçou-se com estrangeiros de campeonatos mais competitivos. Voytso deverá ter um papel mais importante na equipa após a excelente campanha no campeonato europeu de sub-20. 

Para além destes crónicos, haverá sempre uma equipa que terá boa prestação, fruto de alguns bons estrangeiros que surjam no campeonato, mas que, neste momento, é ainda muito cedo para perceber quem será... 

Estou confiante e acho que deverá chegar para estarmos na luta pelo título. Talvez até tenhamos um reforço para a equipa na fase final, prática comum nas modalidades.

Este ano, a liga vai ser mais competitiva e interessante de seguir. O basquetebol parece estar novamente a crescer e o regresso do Sporting veio ajudar nesse crescimento.

Confesso que estou muito curioso para perceber qual o estilo de jogo que Luís Magalhães irá implementar. Não quero fazer futurologia, até porque corro o risco de estar completamente enganado, mas, vendo um pouco o perfil dos atletas contratados, e conhecendo Luís Magalhães (lembro-me bem do seu trabalho na PT e Ovarense), acho que assentaremos o nosso jogo numa sólida defesa (Ty Toney, Ellisor, Travante e Cláudio Fonseca, entre outros, asseguram isso mesmo). Luís Magalhães sempre foi conhecido por colocar as suas equipas a praticar um basquetebol bastante trabalhado e com qualidade (leia-se, jogadas bonitas), espero o mesmo aqui, embora ache que esta estadia nos states possa trazer algo de novo e, olhando novamente para as características do plantel, sobretudo para os postes, não temos um jogador interior que faça grande diferença no ataque por si só. Presumo, portanto, que o jogo não passará por eles, pelo que talvez Luís Magalhães se tenha rendido aos encantos do basquetebol americano e traga algo diferente. Um ataque mais espaçado, com bloqueio alto e que permita explorar a penetração e finalização próxima do cesto ou o lançamento exterior se a defesa colapsar. Se juntarmos a isto uma defesa tremenda, teremos contra-ataques e um basquetebol muito rápido. Veremos o que o futuro nos reserva...  


Soltas


Não podia terminar sem falar nos equipamentos... Se não viram, vejam aqui - Twitter Modalidades Sporting. Depois de algumas preocupações demonstradas por vários utilizadores no twitter, incluindo eu, acho que a Macron acabou por fazer um bom trabalho (thumbs up Macron!).


A apresentação aos sócios, no Pavilhão João Rocha, é já no dia 27 de Setembro, pelas 20h00, contra a Ovarense, no Troféu Stromp. A primeira jornada da liga é no dia 5 de Outubro, com o Sporting a visitar a ilha Terceira para defrontar o Terceira Basket, uma equipa que surpreendeu o ano passado e vai querer consolidar este ano esse mesmo sucesso. Vai ser um início difícil!


E venham os jogos, porque, na realidade, estou muito curioso e entusiasmado com este regresso e quero é ver a bola a entrar no cesto. Especialmente no do adversário! ;)


Saudações Leoninas a todos.


tigas68


                                                                        



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